segunda-feira, setembro 17, 2007

Aulas de Jornalismo

Penso que a velocidade do pensamento não devia ser tão rápida. Porque na minha cabeça já casei, tive filhos, netos, conheci as Bahamas e para o relógio passaram-se 5 minutos. Uma sensação absurda de perda de tempo. Ou de perda de tempo absurda.
Me senti assim ontem. E anteontem. E, por coincidência (?!), no dia antes de anteontem. Eu não me importara, entenda, se fosse esporádico. Ou se fosse apenas um pedaço do dia. Mas todos os dias, o dia todo?
O leitor há de me achar depressivo. Ou dramático, o que é pior. Entenda como quiser, são impressões pessoais apenas. Se o leitor quiser entender de fato, pode fazer a experiência de assistir ao Jornal Nacional; se não levantar do sofá com essa sensação de perda de tempo, bom seria desistir mesmo dessa coluna e de minhas crônicas.
Fatalista? Extremista? Apocalíticto? Não, apenas estudante. De sonhos desmanchados, ética meio bêbada, esperança constrangida, ideais espezinhados e conceitos vazios, fecho meu bloquinho.
E o pensamento livre pra voar...
em 28.ago.2007

das aulas de planejamento gráfico:
06.ago - presente; ele se atrasou mais q o regimento permitia.
13.ago - presente.
a vida, o universo e o tudo o mais
what if..? ou resulting forces
20.ago - presente.

27.ago - presente.


03.set - presente.

graffiting decorations

cover up your face
Buraco-negro (ou O pingar dos segundos)
Um balde verde no meio da sala. Não verde bandeira nem um verde limão, um meio termo, um verde até bonito. Onze alunos sentados ao redor do balde, em forma de U, no centro em frente uma mesa, em frente o quadro e uma pessoa a quem se convencionou chamar de professor. Todos, incluindo o último, têm cara de tédio.
São quatro mulheres e sete rapazes - porque a matemática ainda funciona. O professor também homem. São quatro janelas no alto da parede lateral, as cortinas meio abertas, as luzes acesas. É dia, quase meio dia.
O balde tem três dedos de água, o piso molhado ao redor. No teto, um pedaço do forro plástico branco faltando. Um buraco negro que parece sugar os pensamentos. O professor repete pela quinta vez que tratará do assunto em aula específica - e segue falando do mesmo. Entremeia as frases com um aviso enfático, "prestem atenção nisso aqui, é muito importante". O buraco negro continua sugando os pensamentos e cuspindo de volta caras de tédio.
Apenas uma caneta escreve, incessante. Mas entediada também, repetindo no rítmo das repetições do professor. No rítmo do tic-tac tic-tac tic-tac do relógio. No rítmo do plic-plac plic-plac plic-plac da caneta ao lado, que não escreve, só abre e fecha, abre e fecha. O relógio parece brincar com os alunos, tictaqueando se, o mexer dos ponteiros.
Barulho dos passos do professor pra um ladro e pro outro em frente ao quadro; passos parados e impacientes que marcam os segundos preguiçosos dos alunos; dedos tamborilando; o relógio; a caneta; as cadeiras estalando; respirações desinspiradas. TIC. TAC. TIC. TAC. TIC. TAC.
Três minutos. Os traços da caneta se multiplicam, tentando fugir ao buraco negro, tentando agarrar um tic e pular a um outro tac, aproveitando o embalo quase parado. Dois minutos, o fim da folha se aproxima, a expectativa aumenta, zíperes ecoam, mais barulhos nas cadeiras, a fome se faz notar espreguiçando-se ruidosamente.
Bate o sinal. Acaba a folha. A caneta se cala.
sep.3rd.2007
10.set - ausente; mas fiz a resenha >;P
17.set - presente.




e antes que perguntem, não é um caderno de desenhos. é um caderno de anotações.

[todos os desenhos meus; fotos deles batidas por mim, em 17.set.2007; one quotation from Douglas Adams book (same name) and other 3 from Likin Park lyrics, all rights reserved to the author/recorder/whatever]